Wednesday, March 14, 2007

Os Três Porquinhos - versao Corey

Tive que fazer um trabalho para a faculdade que consistia pegar num conto tradicional e perverte-la. Nao se assustem com o tamanho, porque vale mt a pena ^^


Era uma vez três porquinhos que, apesar de serem irmãos, tinham personalidades muito distintas. Tony, o irmão mais velho, era vocalista e guitarrista de uma banda de Heavy Metal chamada “Passiflorácea Oócito Rulvante Cabila Occídio” (como qualquer banda de Heavy Metal que pretenda conseguir alguma coisa no ramo, tinha uma referência à morte; occídio é sinónimo de assassínio) ou, simplesmente, P.O.R.C.O. Muitos acreditam que Tony abriu o dicionário em páginas aleatórias, escolhendo palavras sem qualquer ligação lógica, apenas para chegar a essas iniciais; tais rumores são completamente infundados. De seguida, temos Topé, também conhecido como Estarlette Rebecca, às segundas, quartas e sextas, a partir das 21h. Ele é um grande nome no transformismo ibérico e o bar onde actua, em Sintra, tem o nome “Starlett Rebecc”, para chamar mais clientela estrangeira. Por último, temos Tozé que, após muitos anos de toxicodependência, que se estendem à actualidade, desenvolveu uma leve psicose e demência.
Numa bela manhã, após uma longa noite de trabalho árduo e, no caso de Tozé, de consumo árduo de substâncias ilícitas, os três porquinhos dirigiram-se para casa. Tony treinava os “Harpejos do Demónio” na guitarra, Tope, de iPod em riste, dançava ao som de Mikael Carreira, trabalhando numa nova coreografia para o seu número e Tozé fugia dos elefantes verdes, que via no seu estado normal. Aliás, esta era a sua desculpa recorrente para o consumo de uma enormidade de drogas já que, segundo ele, os verdes eram os piores.
Quando chegaram, viram o seu pequeno refúgio completamente destruído. No meio do caos estava um bilhete de Rucca, dizendo que mais incidentes envolvendo um yo-yo e um comando da televisão, tal como o que destruíra a sua casa, poderiam vir a acontecer. Desnecessário será dizer que muito mal pode advir destes instrumentos diabólicos, como até o leitor menos criativo imaginará. Rucca era cobrador, mercenário e grande seguidor da igreja Mórmon. Ganhara o apelido de “Lobo Mau” devido à sua paixão pelos musicais de Dorothy Spike, em technicolor, e pela cor rosa. A sua missão actual era garantir que os três irmãos pagassem o que deviam ao seu patrão, o Senhor X.
Face a tal cenário, rapidamente chegaram à conclusão que era necessário construírem uma nova casa… bom, logo após a crise de choro de Tope, por ver os posters de Christina Aguilera, a sua ídola, rasgados, no meio dos escombros, e de Tozé ter descoberto um pouco de haxixe, no seu compartimento secreto, para afugentar os elefantes verdes. Este último defendia que deviam construir uma casa inteiramente em folhas de canábis, pois assim não teria de sair de casa sempre que quisesse correr com estes paquidermes esverdeados. Tope, por outro lado, queria construir uma casa apenas com paus e canas por ser mais rápido, já que a única urgência era repor os posters da sua ídola e concentrar-se na nova coreografia. Tony, chocado com as propostas que ouvira, lembrou-os que deviam construir uma casa de tijolo, com cimento “anti – yo-yo e telecomandos”, para não acabarem vítimas de um desfecho igual com o que se deparavam. Os irmãos ignoraram-no e continuaram a fazer planos parvos.
O irmão mais velho sabia que não conseguiria convencê-los, por muito que tentasse. Afinal, os pais viam-no como a ovelha negra da família desde que enveredara pelo caminho do Anticristo, ao juntar-se a um grupo de Metal. Assim sendo, deixou-os e dirigiu-se rapidamente a uma sapataria a fim de comprar os materiais necessários para a construção da casa. Sabia que mais tarde ou mais cedo, os irmãos voltariam com o rabo entre as pernas, pedindo abrigo.
Tozé dirigiu-se ao jardim das traseiras, onde fazia a sua plantação, de modo a iniciar a construção da sua nova casa. Ficou um pouco triste ao aperceber-se de que a sua preciosa plantação tinha sofrido alguns danos. Conseguiu apenas construir uma réplica do Taj Mahal, um tapete de entrada e servir doses individuais aos setenta dos seus amigos mais chegados, que foram convidados para a festa de inauguração. Restava ainda o suficiente para consumo próprio, até a nova colheita prosperar.
Só depois de ir ao shopping comprar cd’s, posters e uma boneca insuflável em tamanho real de Christina Aguilera, é que Topé se dedicou a construir uma casa de madeira, utilizando apenas ramos, fósforos e palitos, que ia encontrando no chão. Não tinha tempo a perder com a casa em si, a decoração era o mais importante! Depois do suado trabalho, teve ainda tempo de ir actuar à festa de inauguração de Tozé, onde estreou a coreografia nova, ao som de Mikael Carreira, o que foi o ponto alto da noite.
No fim das comemorações, os dois irmãos, orgulhosos do novo alojamento, decidiram ir visitar o irmão, que ainda estava em processos de construção. Deparando‑se com tal, começaram a gozar com ele e a dizer piadas porcas sobre toda a situação. Tony ignorou-os por completo e foi começando a compor, mentalmente, uma nova música que se viria a intitular “Porco no espeto é qu’é bom!”.
A tarde assim passou e, quando se fartaram de troçar o irmão, cada um dos irmãos mais novos se dirigiu aos novos lares. Topé tinha hora marcada no spa e Tozé já começava a ver pequenos vultos verdes atrás das árvores (que mais não eram que arbustos) e receou que os elefantes estivessem a voltar. Normalmente, os barulhos da floresta são a principal razão para a psicose de Tozé disparar, mas, desta vez, havia algo mais. Quando este estava prestes a entrar em casa, surgiu Rucca, o “Lobo Mau”, do nada, para o tentar agarrar. Contudo, não foi bem sucedido e o pequeno porquinho conseguiu refugiar-se no interior do seu lar.
Rucca ao ver uma casa inteiramente feita de folhas, pôs de parte o estojo de trabalho, que continha o yo-yo e um comando de televisão, por achar que apenas com o seu incrível sopro deitaria facilmente a casa abaixo, apesar de ser um fumador intensivo, ter asma, apenas um pulmão e o poder de sopro de um recém-nascido. Rucca era muito seguro de si, talvez até de mais. Ao fim de cinco sopros, desmaiou e caiu para o lado. Tozé, face a um cenário tão positivo, acendeu um charro como celebração, mas esqueceu-se de um pormenor: toda a casa era feita de folhas e, sem querer, encostou o isqueiro a uma das paredes. Um incêndio rapidamente deflagrou e consumiu a casa, mas o pequeno Benjamim ainda inalou o fumo para apanhar uma moca e, depois sim, fugiu para casa de Topé.
Pouco depois, o fiel cordeiro de Deus acordou e viu a casa completamente destruída. Eufórico e acreditando que tinha sido o seu poderosíssimo sopro a deitá-la abaixo, dirigiu-se rapidamente para a segunda casa, para fazer justiça à sua missão. Ao chegar lá e ver uma casa tão frágil, feita essencialmente de fósforos e palitos, confiou mais uma vez no seu fôlego. Como tinha inalado todo aquele fumo, da última casa, bastaram apenas três sopros para voltar a desmaiar. Quando os irmãos o viram estendido no chão, quase sem fôlego, celebraram da melhor maneira que sabiam: Topé começou uma intensa sessão de manicure, enquanto cantarolava e Tozé fumou um charro. Mais uma vez, esqueceu-se que a casa em que estava era inflamável e começou um incêndio ao atirar a beata contra uma das paredes. Mais tarde, veio a descobrir-se que era o responsável pelos incêndios constantes das redondezas. Ao aperceber-se de que a sua casa estava a arder, Topé saiu a correr e a guinchar, lembrando uma colegial, num pânico terrível. Isto devia-se, contudo, ao facto de ter visto uma aranha.
Entraram os dois em casa do irmão mais velho, de rompante e balbuciando frases incompreensíveis. No meio da barafunda, Tony só percebeu a indignação de Tozé pelo facto da Rainha de Inglaterra ter direito a carros grátis, somente por ser rainha de um país, e que já era altura dela comprar o seu próprio carro. Depois de os acalmar, inteiraram-no do que se passara e apressou-se a trancar a porta. Do nada ouviu-se um estrondo e uma cor desfocada a entrar pela sala adentro. O terror tomou conta deles, pois Rucca devia ter entrado pela porta das traseiras! Só quando o pequeno ser parou é que se aperceberam de que se tratava sim de Clowny, um ex- palhaço anão que, ao fim de 37 anos de carreira no circo a atirar tartes e a usar sapatos demasiado grandes (ainda que sempre cómicos) decidira tornar-se um cronista de sucesso. Este vivia atrás da sanita de Tony, aconselhava-o a lavar sempre os dentes antes de ir dormir e desaparecer com a mesma velocidade com que apareceu.
Desta vez, o “Lobo Mau” demorou um pouco mais a recompor-se. Ainda zonzo e perante aquele cenário de destruição, sentiu-se mais uma vez orgulhoso do seu sopro, mas desiludido por ainda não ter concluído a missão. Dirigiu-se para a casa do último porquinho e, desta feita, empunhando as suas armas mortíferas. Lançou um golpe de comando e yo-yo mas, para seu espanto, ambos partiram-se nas suas mãos. Agora a situação era pessoal – os seus únicos amigos eram as armas de trabalho e, por causa dos porcos, perdera-as! Decidiu entrar pela chaminé, achando que os apanharia de surpresa. Para seu azar, Tony estava a meio dum ritual satânico, com um caldeirão na lareira, para pedir ao Demo uma palheta nova, porque a dele já estava estragada. Pouco tempo depois, o temível “Lobo Mau” deu entrada no Hospital com uma micose no escroto.
Os três porquinhos viveram felizes para sempre!